28.2.13

CENA I



Claquete, Cena I Ação! Na plataforma do metrô, Por trás dos óculos escuros, vi teu olhar, adivinhando a cor dos meus, Como vidente, depois das lentes Evidente, serpente encantada, Meu corpo rodeia o teu. Tudo o mais some, Olho no olho, mais perto. A composição para, abre a porta, aperto.  Entramos. Quase colados, calados,  close to close. Boca no teu ouvido, orelha pros meus lábios, Voz pra que só você ouça: Saravá, salve orixá! Oxalá! Ultra fashion your body dressing style, Modern bleu jeans. Vous le vous dancer, monsieur? Brinco brilha strás no lóbulo. Quase um ósculo... Bem te ví, Sabiá. Assovio na nuca, sensorio... Como furacão, vulcão, Bafo quente no cangote, Mote pra ferver o sangue. Leva fé rapazote, Não só o figurino Te faz star, Ícone Dean, estrela de fogo de artifício. Artes do ofício, talvez cio, Faz teu olhar luzir. Ao focar o meu, Ilumina o breu, Colore a cena, Anima o set. Segue a viagem em conluio. Sem juras explícitas, Conluio em estado de graça, a paixão. Conclusão: pára o vagão. Finda a sessão. Luz geral na cena. Sem a clássica cena do beijo final, Sem a ilusão do serão felizes para sempre. Vejo você se afastando, Rápido, na rampa, subindo, Sumindo na multidão, Como se em meio aos créditos, E, a câmara, escurecendo o quadro. Fade out. Sem letreiro dizendo: The End.