29.8.09

LITURGIA




Quero ser abençoado
Com a geografia sacra dos enamorados
Construir um calendário litúrgico
Pleno de momentos de glória
Para entrever a essência última
Infinitamente precária
Improvável e espantosa
Do absoluto
A força que transcende
O espanto maravilhado
A consciência da total fragilidade do ser
A superação do abismo
A infinita complexibilidade
Os infinitos possíveis
A experiência profunda
Primordial
Fundir-me com a totalidade
Com o cosmo
Com a natureza

25.8.09

VICE E VERSA




A incerteza
Das palavras ditas ao ouvido
Das linhas das mãos entrelaçadas
Traçados indicativos de duas direções
Entrelinhas de desvãos
Brechas flechas de vice versa
De sim e não
O alto abaixa
A ida volta
Se chega sai também
Nada indica onde leva
O certo amanhã não mais convém
O doce amarga
O aperto alarga
O perto partido perde-se
No papel pardo do embrulho
( Os quereres
Os teres
Os haveres)
No arrulho com endereço errado.

22.8.09

RASGANDO ROSAS




Em êxtase

Dois sendo um

Um sendo o outro o ortuo o obnes mU

Acreditando no amor

Rompendo instâncias limites distâncias

Dando e recebendo plenos arranjos

Orgia odorada em rosas rasgando a noite

21.8.09

PRESENTE



Você é tão presente!
Porque sente?
Porque te admiro!
Te miro,
Mesmo distante,
Pôr um só instante.
Acho que depois....
Bom, seguirei depois!

19.8.09

DESENCONTRO



E o futuro não chegou
Não veio afinal
Aquele algo mais
Que imaginava a uma hora atrás
O avanço
O crescimento
O movimento
O inesperado
A revelação
Que aquece o outro
O que enriquece
A experiência vital
Tudo desaparece
Como coisa morta
Não haverá uma próxima vez
Um encontro
O encanto da alma nua
A surpresa
A intimidade
A soma
Some na poeira do tempo

12.8.09

Nova Rota



Você foi ao ar
Quando eu dizia te amar
Amargando a derrota
Peguei minha rota
Rodei céus e terras
Errei outros braços
Cassei cão perdido
Carcomido de tristezas
Bebi taças de vazio
Verti rios de nulidades
Urdi ardis
Ardi cidades
Descri das descritas certezas
Na incerteza deixei pra lá
Além estou isento
Sinto e nem sento
Muito finjo
Tinto cores que nem há em flores
Para que se lá fores
Se me vires
Saiba que sei
Que a sina de cada um
Caduca educadamente
Sente e mente
Não tá nem aí pra o que o outro trás
Atrás do novo, pass by, drive through,
Troca de par sem participar
Arremessa ao ar
Arremeda o amar
Avessa o sentimento
Atravessa sem ver o momento
Ladeia para o outro lado
Luda sem dar a face ao beijo
Certo de que está sendo esperto
Não entrega o coração.

9.8.09

AINDA DÓI



Pôr que é que dói ainda?
Quanto tempo mais?
Ficou grudado, aderido!
Ferido coração.
De nada adianta dizer não,
Esgotar a lembrança.
A dor invade, avança,
Avassala.
Faz do peito a sala,
Onde dança triste,
Trazendo em riste,
A flecha
Que cupido, ingênuo,
Lançou!

7.8.09

O GATO DE ALICE



De dentro da peLUgem CAStanha
SorRI NO GATO
O mesmo sorriso do gato de Alice
Enigmático
Pragmático
Argênteo
Enregelante
Desconcertante
No instante em que me visse
Desfazendo no ar
O ardor que me atraiu
Traindo a trama tecida
Trucidando o triunfo
Do presumido amor.