9.9.08

A Bruxa



Quando a bruxa está solta e voa no vento, trazendo no rastro da vassoura poeira com cheiro de mudanças, como notícia ruim, vem rápido, rompendo o ar, rasgando o vazio, rascante, vazante, chegando me derruba, me atira ao chão, chapado, de chofre, como o papel aluminizado, esvaziado do bombom, mastigado com prazer que, eu lhe dei com amor, erro, erro, como o desterro do amor, atirado como prata preciosa ao chão, ao léu e o vento levou, rodopiado, para longe, apartando de mim, minguando, o que meu era por direito, dileto, direto, desvirtuado agora, turvados olhos pelas lágrimas, vi o papelzinho riscando o chão, zunindo alumínio, como estrela cadente no céu despencada, despregada, deslizando, se afastando, distanciando o que a pouco era só intimidades, antes, certeza de constelação fixa no firmamento, agora vacuada, deixado só negror, vagando um lugar que era teu, porque eu te amava e tomava isto como certeza, então, tenho que desatar isto, já que, sem se importar com o que de mim seria, partindo, partido em pedaços, eu irei também em busca d'outros mares nunca dantes navegados, d'outros costados, onde encostar meu cansado ser do fado desastrado de dar meu lado mais amoroso a desavisados, desinteressados do que de mais precioso pode haver, há de haver quem queira, não encontrei ainda, mas, bem vinda esperança que me faz ter fé e olhos no futuro.

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