4.9.08

MEMÓRIAS



Deus me acuda
De ficar corcunda
Tomar injeção na bunda,
De ficar pepé, de não juntar lé com cré,
Um mela cueca, fralda molhada, papinha às colheradas,
Esquecer os bons momentos,
Ser torturado pelos lamentos,
Espalhar aos quatro ventos ecos do que poderia ter sido,
Ser torturado pelo remorso,
Ter um troço e ficar troncho, mocho, mudo, brocha,
Ser carcomido pela inveja,
Ter como herança o ódio, a vingança.
Quero infindos dias luminosos,
De corpo rijo,
Capaz de me levar aonde baila o vento,
Às alturas,
Às lonjuras.
Ondas de puro amor quero surfar,
Ares, amores, mares,
Sempre renovados votos vitoriosos,
Até que a vida, em mim já extinta,
Tinja em belas cores, as lembranças, de mim espalhadas
Nas memórias de quem comigo partilhou.

2 comentários:

Unknown disse...

Zeka, meu amigo!
Quando leio as coisas que vc escreve, fico pensando que realmente deve existir reencarnação... Sinto um pouco de Drumond em todo o seu sentimento. Pode ser até que o modo de exprimir
(ou espremer?) as palavras seja diferente, contudo o "sentir" é muito semelhante. Não deixe que os vândalos roubem seus óculos...
E continue a nos brindar com páginas tão bonitas, que nos alegram a alma e nos fazem esquecer esse mundo tão violento que está aí fora. Beijos. Muita luz pra vc! Regina Cordeiro.

Elias disse...

Embora a vida nos faça passar por certos momentos que nos deixam um pouco secos e duros, seus trabalhos me causam certa emoções. Este, por exemplo, tem o poder de me causar uma espécie de medo ou qualquer coisa assim. Parabéns e obrigado por me causar sensações que me fazem sentir vivo