19.4.08

MARGINAL

A retina capta a luz do teu olhar.

Te ver à mostra me encanta.

A covinha ao lado do sorriso, lindo,

Perfeitos lábios, iluminada alegria de viver.

A beleza da pele, lisinha,

O umbigo, redondinho,

Na barriga, durinha.

Que mirada de esguelha!

O que te dá na telha!?,

Quando vem se mostrar,

Cheio de atitude e tantas virtudes,

Para minha total beatitude!

Vai encarar!?

Mexe comigo,

Bole que não é mole,

Passa e repassa,

Me deixa sem graça.

Com teu assédio,

Espanta o tédio, de ser eu,

Que de tantos modos quero te ver que nem é de bom tom que fique te encarando, afinal, nem fomos apresentados formalmente, nem pertencemos ao mesmo círculo de amizades e, nosso encontro, fortuito, ao acaso, escusados destinos ou desatino do tino, se há de se repetir, senão, será só hoje, aqui e agora, ao piscar terei deixado passar, sem guardar, arsenal, depósito, memória, quem sabe inglória história, talvez nunca mais nos vejamos com os belos olhos que nos aproximou e nem tecerei interpretações das impressões que de você me permito:

Mito tatuado, estonteante, escandaloso, desmesurado de incertos absurdos contornos, tangentes imaginadas de mundos marginais, facções, falanges, sílabas, sinais, tribais, tramas margeando a pele, Apolo alegórico de fábula figurada com animais e seres inanimados, dragões, leões, sereias, serpentes, tigres, touros, águias e anjos gravitados gravados às agulhadas no flanco lateral direito, peito estampado com o que deveria ser capaz de enfrentar, tubarões, tempestades, furacões e todas as ilusões de um parque de diversões, Hermes alado a se mover por céus para poder amar, Aquiles de calcanhares cravados na terra, sem ousar transpor a barreira, tendo vertigens a beira, sem ir às origens ou a Órion, fundeado à orla, ... mesmo assim,

Moleque abusado,

De musculatura túrgida e coxas torneadas,

Tratadas a ferros,

Anabolisado por meu olhar,

Cria uma só imagem, visagem.

Na viagem voraz que faço,

Como um pouco de cada,

Tão belos, todos, cada qual a seu modo.

E, eles vêem, são muitos, Serafins, delfins míticos em constelação estelar,

Orbitando voejam, deixam que eu veja, se mostram, se expõem.

Jubilo opiado!

Bomba o bumbo da bateria, bombeia o sangue, bambeiam as pernas,

Aflui energia infinita, anima o espírito.

Colírico deliro onírico!

Mareado, meneio marimbondos!

Mirando a maneira beleza,

Viva, escultórica, jovem, sem retórica, masculina,

Mostrada quase desnuda, despudorada, dourada,

Deuses,

De sunga, desfilando a beira mar,

Domingo,

Dezembro, 30, 2007

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