11.5.08

VACAS Á SOLTA


O Rio explode em calor,

na batida do bumbo,

cadenciando o samba.

Bamba, bambeia quem chega estrangeiro,

mamulengando os corpos expostos,

postos a postos do posto 1 ao 11, tipo carne de sol, curtindo,

soletrando línguas ao gentio, que caça, suadão, no calçadão,

as sereias, selvagens, desnudas, abundando bundas,

esparramadas, encaloradas nas escaldantes areias de Copacabana.

Que bacana, gentil carioca,

Gandaia de gente da gema.

Extrapolado oceano de azuis,

Verdes montanhas exuberadas.

Tênue linha divide, o asfalto derretido,

automóveis rodando, velozes, reluzentes,

separando, segregando,

o morro da cidade, comprimido em verticalidade,

imprime identidade,

em tijolos empilhados, sem emboço, remendados,

arremedos de lar.

Vencendo a gravidade, a vista avista, explana, clama, mas não toca, não alcança.

Em troca, exposta, a vista dos bacanas enche os olhos a olhos nus.

Aos molhos, a comunidade desce para trabalhar,

amealhar dos condomínios de luxo,

das portarias de prédios,

serviços gerais,

para depois, poder delirar no Shopping,

passar o rodo geral,

fazer o arrastão,

ir pra galera.

A chapa esquenta, à proximidade vigiada, perigosa.

Enganosa convivência controlada por câmeras, helicópteros, blindados.

Vidas feitas reféns, presas das vielas tortuosas, íngremes ladeiras.

Imprensadas, presas, prensadas em pesos de maconha e cocaína,

Cargas passadas de mão em mão, de fuzil na mão,

Defendendo-se, fendendo, ofendendo,

Financiando a guerrilha, serrilha a grade,

Degrada, sangra, morre,

Escorre até ao asfalto.

Em cima do salto, as vacas, coloridas,

À camarilha, distraídas, passeando na orla,

Não mugem nem tugem.

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